Em 2008, no sopé Sul da Serra do Mendro no coração da Vidigueira, adquirimos uma parcela de terra. Ao fim de mais de 20 anos de trabalho no vinho, esta é o mote de partida, um projeto a solo, de sonhos e vontades próprias.
O mínimo impacto e a máxima preservação, são as ferramentas utilizadas na potenciação da expressão e identidade da nossa terra.
Desde o primeiro dia que nos focamos em produzir vinhos de caracter, com cunho.
Vinhos de tradução do clima de dias quentes e soalheiros, com noites varridas a brisas frias. Vinhos de um solo mediterrâneo de xisto delgado, onde a baixa fertilidade os faça crescer em complexidade e mineralidade. Vinhos de castas locais, adaptadas e de tipicidade. Vinhos do homem, mas de baixa intervenção, de respeito pelos elementos e manutenção da história.
A vinha Natus, plantada à mão, sem mobilização de terras e sem aplicação de adubos, conta nos tintos com Castelão, Alfrocheiro, Tinta Miúda e Trincadeira, esta última correspondendo a 60% das cultivares.
Num sistema de condução em vaso alto, com compasso de 2 por 2 metros, a vinha não armada respeita a natureza trepadora da planta, ao mesmo tempo que protege a uva de excessos de Luz e calor. A regeneração de matéria orgânica localmente, encerra em ciclos locais, a fertilidade desejada.
Trabalhadas num sistema de ramada a 2m de altura, as uvas brancas amadurecem lentamente à sombra, mantendo a sua natural acidez e alcançando maturação, a taxas menores de álcool. O Alvarinho e Loureiro denunciam as nossas origens minhotas. O Gouveio e Galego Dourado complementam a expressão de brancos densos, de boa acidez fixa, largos e estruturados em boca.
A vinha Natus, está hoje em modo produção Biológica certificada, não usamos qualquer tipo de pesticida, herbicida ou insecticida.
Pela preservação da flora e fauna locais, incentivamos a manutenção da biodiversidade essencial para entregar à vinha a resiliência necessária, ao mesmo tempo que procuramos manter activos os nossos auxiliares.
Hoje, contamos com mais duas parcelas de vinha, que após anos de estudo e acompanhamento, foram adquiridas. Vinhas plantadas em zonas de água, que permitem manter sanidade e qualidade em produção de sequeiro. Vinhas de castas autóctones, plantadas há cerca de 40 anos em porta enxerto Americano que foi posteriormente enxertado localmente.
Na Vinha de Águas de Lebre, uvas brancas com Antão Vaz, Roupeiro, Trincadeira das Pratas e Perrum.
Na Vinha da Ribeira, as tintas com Castelão, Aragonez, Trincadeira e Tinta Grossa.
O processo de investigação e estudo de velhas parcelas de vinhas, que sirvam o nosso desígnio, continua ao dia de hoje. Sendo que as adquiridas até ao momento, estão já em processo de reconversão para uma agricultura de respeito, onde esperamos ter a certificação Bio no espaço máximo de 4 anos.
A adega, contruída de raiz, e a que também chamamos casa, é simples e de garagem.
Nas seculares Talhas de barro Alentejano, o Natus Tinto é obtido de mostos tintos delicados, fermentados na ausência de massas. A maceração prévia, ocorre em pequenas balsas de 1.000Kg de capacidade, onde a pisa a pé se repete até ao arrancar espontâneo da fermentação alcoólica. A sensível prensa vertical, separa as massas do mosto e conduz o último ao barro de fermentação. O estágio de 12 meses, é posteriormente feito e Pipas e BQ´s usadas. No Natus Tinto, procuramos delicadeza aliada a complexidade, um vinho de memória.
A curtimenta parcial de 2 a 3 dias do Natus Branco, é seguida de fermentação em Talhas (35%) e carvalho usado (o restante volume). No final da fermentação alcoólica, as borras são agitadas intensa e frequentemente até que a gordura de boca desejada seja obtida. Os vinhos são mantidos em borras ao longo dos restantes meses de estágio, que entregam potencial de guarda e complexidade.
Na nova linha Intus, procuramos a singularidade e a pureza máxima da uva produzida na Vidigueira.
Desconstruímos o processo de vinificação, mantendo todas as etapas e filosofia da linha Natus.
Os Intus, contam apenas com Tanques de Inox em todo o seu processo. Os vinhos, originados num ambiente redutor, mais neutro, mantem e salvaguardam toda a expressão da uva. Vinhos muitos puros, muito rectos e de elevada frescura, são a consequência final que traduzem os nossos Intus.
No regresso ao passado de um Alentejo de tintos de cor aberta, com maior frescura e elegância, e vinhos brancos untuosos, densos e ricos, reside o nosso tributo à região. Uma paixão muito própria, numa vontade imensa de ser feliz.
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Hamilton Reis e família.